Foram aprovadas, no congresso do CIRH realizado Quarta-feira, 8 de Outubro, em Akita - Japão, onde se realizou o mundial de seniores femininos (vitória espanhola na final frente a Portugal, 3-1), as novas regras de jogo propostas pelo CERH.
«1- O Guarda-Redes já pode estar (na sua posição-base) com um joelho no chão, excepto na situação de marcação de penálti, na qual só pode ter os patins e stick apoiados no chão. A área de Guarda-Redes será reduzida e qualquer jogador pode estar naquela área sem restrições, desde que não impeça as acções do Guarda-Redes.
2- A linha de anti-jogo desaparece. Os jogadores, para além dos habituais 10 segundos para saírem da sua zona defensiva, vão poder recuar da linha atacante para a linha defensiva (definida pela linha do meio-campo) desde que a bola não permaneça na zona defensiva mais do que cinco segundos.
3- A marcação do Penálti passa a ser feita SEM APITO DO ÁRBITRO. Aquele levanta o braço e permite que o jogador que marca o penálti o faça num período de 5 segundos, contados com a ajuda do braço do árbitro que fará um movimento lateralizado por cada segundo que passe.
4- A marcação do Livre Directo passa a ser feita, também, SEM APITO DO ÁRBITRO mas agora na zona central da pista, numa marca que fica dois metros atrás da actual marca de penálti, a 7,40 metros da linha de baliza. Os procedimentos para a marcação são os mesmos do penálti (não há apito e o árbitro permite 5 segundos para a execução, assinalados por movimentos lateralizados do braço), mas neste caso o jogador pode também transportar a bola para a baliza, tal como já hoje se processa a marcação.
5- Acabam os cartões amarelos! Passam a existir dois tipos de faltas: Faltas Técnicas, as mais leves e de que são exemplo: levantar a bola acima da altura permitida, deslocar intencionalmente uma das balizas, ultrapassar os 10 ou 5 segundos na sua zona defensiva, pontapear a bola, tocar a bola com outra parte do corpo em contacto com o solo para além dos patins, etc... faltas que são penalizadas com a marcação de livre indirecto. E depois vêm as Faltas Pessoais, que podem ser cometidas pelos elementos do banco de suplentes e/ou pelos jogadores em pista. Estes podem fazer Faltas Leves, penalizadas sempre como Faltas de Equipa (a partir da 10ª falta a equipa é punida com um Livre Directo); Faltas Graves, que implicam sempre a admoestação com Cartão Azul e que dará origem SEMPRE a suspensão temporária (2 minutos), livre directo ou penálti contra a equipa e, ainda, Power Play (a equipa joga com menos aquele jogador durante o tempo de suspensão); e ainda Faltas Muito Graves, que implicam a exibição do Cartão Vermelho, a consequente exclusão do jogo, marcação de livre directo ou penálti e Power Play com a duração de 4 minutos. Uma equipa nunca pode ter mais de dois jogadores suspensos. Não sendo possível ter menos de três jogadores em campo, se houver nova falta que dê origem a cartão azul e 2 minutos de suspensão, o jogador É SUSPENSO mas pode haver substituição, com o intuito de manter sempre o mínimo de 3 jogadores em pista. No entanto, o tempo de Power Play SERÁ ACRESCIDO dos 2 minutos relacionados com a suspensão do jogador admoestado com Cartão Azul ou dos 4 minutos relacionados com a exclusão do jogador admoestado com Cartão Vermelho.
6- Quando uma equipa beneficia de uma falta na zona inferior da sua área defensiva (atrás da linha superior da área, ou seja, onde se marcam os penalties), pode marcar a falta em qualquer local daquela zona, não sendo necessário que se desloque para um ponto específico de marcação de faltas.
7- Passam a ser permitidos os BLOQUEIOS, CORTINAS E ECRANS. Mas podem ser ilegais (no caso do bloqueio, será ilegal quando o jogador está em movimento, não tem o stick no chão ou aquele ultrapassa a distância de um metro da sua linha dos patins, faz um bloqueio nas costas do adversário, etc...)
8- O tempo de jogo para seniores será SEMPRE de 20 minutos.
9- Nas competições importantes, passa a haver um 3º árbitro que controlará o tempo de jogo e o preenchimento da ficha de jogo. Cada federação pode tornar obrigatória a utilização do 3º árbitro em algumas competições, à sua escolha.»
(Informação retirada daqui.)
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GUARDA-REDES:Dos elementos participantes num jogo de Hóquei em Patins, o guarda-redes parece ser aquele que mais prejudicado fica com as alterações às regras. Se por um lado lhe é dada a permissão de apoiar o joelho no chão, por outro, vão reduzir-lhe a área de acção e deixar que qualquer jogador por lá permaneça! Nos penáltis e livres directos, tudo joga a favor de quem tenta marcar golo; o keeper terá de olhar não só para o executante, para a bola, como para os gestos do árbitro (contagem de 5 segundos para a execução), pois o sinal deixa de ser dado por apito. Alguém quer distrair os guarda-redes? O CIRH/CERH quer golos! Muitos! A alteração às regras tende a transformar um jogo de hóquei em lances de bola parada. Os novos penáltis e livres directos são uma forma artificial, encontrada pelos senhores do CIRH/CERH (aconselhados por treinadores espanhóis (!), como se pode ler aqui), para obtenção de maior números de golos (muitos!), na qual o homem da baliza terá tarefa dura.
LINHAS DE ANTI-JOGO:Desaparecem as linhas de anti-jogo, a delimitação passa a ser feita pela linha de meio-campo, mas complica-se a temporização. E sabe-se como os árbitros, ou melhor, qualquer pessoa, falha na contagem mental de segundos. Os 10 segundos para a bola passar a linha e os 5 segundos de cada vez que ela voltar ao meio-campo defensivo vão, com certeza, gerar confusão e protestos, pois a subjectividade da contagem será muita.
LIVRES DIRECTOS:Os livres directos passam a ser marcados em zona frontal à baliza, 7,40 metros da linha de golo, a 2 da marca de penálti. Não é uma alteração radical mas leva a supor que a diagonal, feita da antiga marca do livre até à baliza, reduzia a eficácia... Ou não era para todos... Não nos esqueçamos que o CIRH/CERH quer golos! Muitos! E em zona frontal nem é preciso grande técnica, basta rematar a direito, com força! Muita!
FALTAS, CARTÕES E POWER PLAY:Neste ponto reside o mais caricato das alterações às regras do jogo! É um pouco anedótico, até. Desaparecem os cartões amarelos, os azuis continuam a conceder a marcação de livre directo e a acumulação de três dará vermelho, expulsão do atleta. Até aqui nada de exagerado. Mas, depois, aparece um novo conceito de falta, FALTA de EQUIPA (ver melhor explicação no item 5)! Que são todas as faltas pessoais, não técnicas, que, a partir da décima, são penalizadas com a marcação de um livre directo! Lá está, há a necessidade de golos! Muitos! Isto vai levar a que os árbitros alarguem o critério na marcação de faltas de forma a não penalizarem demasiado as equipas, ou, por outro lado, pode levar a que as equipas joguem em contenção, sem a dureza positiva que faz do hóquei a modalidade bela que é. Pode mesmo vir a assirtir-se a jogos com duas partes distintas, a pré-dez faltas e pós-dez faltas! Mais um conceito inovador é o POWER PLAY! Não, não é relacionado com música nem com a rádio. O Power Play consiste em pôr uma equipa a jogar com apenas 4, ou mesmo 3 jogadores! Mostrado o cartão azul, o jogador tem de sair, 2 minutos, e não ser substituído!; se for vermelho, os minutos são 4! Isto é subverter a essência do Hóquei! Seria a mesma coisa que, num jogo de pares, em Ténis, excluir-se um jogador de uma das equipas. Ou penalizar um piloto de Fórmula Um retirando-lhe uma roda do bólide! O Hóquei, pela sua dinâmica, não permite estas penalizações numéricas. Noutras modalidades, a exclusão de um atleta (ou mais) pode ser compensada pelos outros, no Hóquei, a equipa fica manca, não pode jogar, limitar-se-á a despachar bolas. A penalização é desproporcional. Mas há essa tendência de copiar o que de mal (ou não, isso nem interessa!) existe noutras modalidades! Assim como a possibilidade de o guarda-redes ser trocado por um jogador de campo, deixando a baliza deserta, para que a equipa ganhe superioridade numérica no ataque! De onde tiraram a ideia?! A técnica, o drible, a circulação de bola - chamado carrossel, a inteligência no jogo, a classe do patinador, o passe de ruptura, o domínio da bola no stick, em suma, a beleza do Hóquei em Patins, vai ser substituída pela manhosice e chico-espertice. O importante vai ser sacar faltas, excluir jogadores, ganhar livres directos, ganhar superioridade para marcar golos facilmente! Há essa necessidade de golos! Muitos! Mas quem disse a esses iluminados que uma partida sem golos, ou com poucos, não pode ser interessante?
BLOQUEIOS:Os bloqueios vão deixar de ser falta. A palavra em si, já sugere infracção, mas vão ser permitidos... Com umas excepções muito subjectivas... Está mesmo a ver-se a confusão... Mas há que permitir mais remates! Mais remates, mais golos! Muitos! Não em técnica mas em força! Porque o Hóquei é democrático, para todos, para os tecnicistas e para os assim-assim. Maus jogadores não os há. Nem dirigentes.
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Como a FPP pode já aplicar as novas regras na época 2009/10, falta saber se os árbitros vão ter formação, se os técnicos e jogadores vão ser esclarecidos convenientemente... E o público? Já é pouco, como sabemos, e não se irá afastar mais dos pavilhões se não se identificar com o novo estilo de jogo? Será conservadorismo a resistência à mudança, certo, mas as alterações de tantas leis do jogo nunca deveriam suceder em simultâneo. Digamos que só faltou mesmo alterarem as medidas das balizas (pô-las maiores), porque está visto, o que importa são os golos! Muitos!
1 comentário:
À excepção de duas ou três alterações que podem beneficiar a modalidade, a maioria não me parecem nada benéficas. Algumas estão mesmo no limiar do ridículo! Os altos dirigentes deste modalidade continuam a dar tiros nos pés!
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