segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Reus'08: como se fabrica um campeão?

O II Mundial de Clubes já terminou - foi vencido pelo Reus - mas, como não me foi possível assistir a mais do que alguns minutos dos jogos do OCB (via web), não posso falar do ambiente vivido em Reus nem da qualidade do hóquei apresentado pelas equipas. Não posso dizer se o "jogo jogado", aquele que se pratica dentro de quatro tabelas, foi um sucesso. Mas acho que foi. Desconheço se as condições logísticas foram as melhores mas nada me leva a desconfiar que não fossem. Não se esperaria outra coisa dos catalães.

Todavia, do ponto de vista "secretarial", este Mundial foi, para não ser muito deselegante, um pouco caricato. A ver vamos. A organização (dizem que uma parceria Reus Deportiu/CIRH) começou por lançar os quatro grupos de quatro equipas (desconhecem-se os critério nas escolhas) a concurso alguns meses antes do evento e, desde logo, a comunicação social falou em clubes que, hipoteticamente, recusariam ir a Reus. Mais tarde, confirmadas as desistências, o OCB ocupou o lugar do FC Porto, o Valdagno o do Viareggio, o Wimmis o do Gèneve, e o Recife o do Sertãozinho (como se pode comprovar no quadro abaixo). Ultrapassados, assim, os primeiros imprevistos, a organização tinha o campeonato "orientado".

O problema surgiu quando, a dias do início do certame, a equipa chilena do León Prado desistiu e os responsáveis recrutaram, de emergência, a UD Oliveirense. Alarmado com a entrada de uma equipa muito mais competitiva, no grupo C, que poderia colocar o clube rubro-negro fora do primeiro lugar do grupo, ou mesmo fora dos quartos-de-final, o Reus (perdão, a organização!), resolveu fazer novos grupos (ver imagem abaixo). Os novos grupos foram elaborados de forma a que as três equipas espanholas se posicionassem nos primeiros lugares, como se verificou. O nosso clube, infelizmente, foi empurrado para um grupo fortíssimo. Reus e Liceo ficaram com os grupos "fáceis", o do Reus por razões óbvias, o grupo do Liceo (A) porque ia fornecer o adversário mais acessível (Conceptión) dos quartos-de-final aos rubro-negros. Naturalmente, nas meias-finais, a margem de manobra já seria nula, as quatro equipas seriam, sempre, muito fortes, mas, mesmo assim, a organização acautelou-se! O Reus não defrontaria nem o Liceo nem o Barcelona, antes da final, se fossem primeiros nos grupos! Assim foi. Defrontou o Bassano, "um mal menor", com certeza, que, ainda assim, só foi derrotado nos penáltis. A organização fez os possíveis para que, com tantos adversários competitivos, o Barcelona - o adversário mais temido - caísse antes da final, ou se desgastasse, de forma a facilitar a vitória final da equipa da casa. E assim foi.

Mais um pormenor. Abaixo temos o calendário (lançado primeiramente) da prova, imagem de documento PDF (clique para ampliar). Então, na terceira jornada, o OCB jogaria às 12:30 horas espanholas com o Centro Valenciano (existe uma gralha, compreensível, que troca o Centro Valenciano pelo Concepción, mas que se desfaz pela letra que identifica o grupo das equipas).

Depois, não sei em que altura, surge uma troca de horário do jogo OCB - Centro Valenciano com o Wimmis - Valdagno. Suponho que os clubes foram avisados a tempo, pelo menos não faltaram aos jogos, mas é pouco normal alterar-se um calendário numa prova destas.
Temos que ser honestos e compreender que não foi por tudo isto que o nosso clube perdeu jogos, porque até nem era candidato a uma boa classificação, mas, um campeonato do mundo, de nações ou de clubes, de futebol ou de hóquei em patins (ou de badminton!), é um campeonato do mundo! Como podem ocorrer situações destas? Tudo isto me faz lembrar lembrar os antigos sorteios de árbitros para a liga portuguesa de futebol: às vezes, sorteava-se uma bola única, com o nome senhor, dentro de um pote e, para surpresa, durante o sorteio... o nome mantinha-se! Parece (ou é mesmo?) tudo escolhido a dedo. Ou feito em "sorteios limitados", como eram chamados em Portugal.

Sem comentários: